FBDE Consultoria Empresarial

Caros leitores,

homem deprimido e solitário no ambiente corporativo

Hoje gostaria de compartilhar uma história que, embora soe como uma parábola, é resultado de uma série de experiências reais que presenciei ao longo dos anos. Trata-se de uma lição que acredito ser vital para todos nós que nos dedicamos ao ambiente corporativo.

No centro desta narrativa está Pedro, um amigo de longa data, alguém que conheci há cerca de vinte anos. Naquela época, ele buscava aconselhamento para um novo empreendimento. Seu alvo: uma empresa americana do ramo alimentício

O interesse surgiu depois de notar que os produtos dessa organização chegavam ao Brasil de forma importada, a partir da solicitação das próprias empresas que os necessitavam. Diante disso e da alta demanda no mercado, Pedro decidiu: ele seria um representante desses produtos no Brasil. Uma tarefa difícil, que exigia uma ida imediata aos Estados Unidos.

Junto da esposa, que o acompanharia nesse novo empreendimento, ele partiu. Sem dominar o inglês e com poucos recursos, enfrentou desafios como muitos empresários em início de carreira. No entanto, conseguiu a tão desejada autorização para representar a empresa no Brasil.

À medida que os anos se passavam, o negócio de Pedro crescia exponencialmente. Em menos de duas décadas, sua empresa contava com cerca de mil funcionários, consolidando-se como uma das maiores filiais da companhia americana no mundo.

Pedro dedicava suas energias e tempo ao estabelecimento, trabalhando das sete da manhã às sete da noite. Ele fez da empresa seu lar, mas a um custo alto: sua vida pessoal e familiar ficaram em segundo plano. Eventualmente, ele foi cobrado por isso, e de uma maneira que mudou sua vida drasticamente.

Quando o empresário atingiu o ápice do sucesso, conquistando uma vida confortável, amigos dentro da empresa e uma posição de destaque, ele começou a sentir o peso do estresse acumulado ao longo dos anos. Infelizmente, essa questão teve um impacto devastador em sua saúde, deixando-o com problemas de mobilidade e confinado a uma cadeira de rodas.

Sua esposa, que sempre esteve ao seu lado, cuidava dele, enquanto os dois filhos observavam a transformação na vida do pai. O que mais o abalou, entretanto, foi o sentimento de abandono pelos amigos que fez. Os diretores e funcionários, que antes pareciam tão próximos, desapareceram quando Pedro mais precisou. Hoje, ele permanece em casa, lutando contra a depressão.

A mensagem que gostaria de transmitir com essa história é que existe um mundo além das paredes do escritório. Inúmeros empresários, como aqueles que conhecemos na consultoria, acabam se apegando demais às suas empresas, tratando-as como uma extensão de si mesmos. E, ao fazer isso, negligenciam suas famílias, amigos e até seu próprio bem-estar espiritual e emocional.

Em 50 anos de consultoria, aprendi que amizades verdadeiras raramente se formam dentro das organizações. Os laços que se constroem no ambiente corporativo, muitas vezes, são condicionados pelo poder e pela capacidade de oferecer algo em troca. Quando o poder se vai, a maioria dessas amizades se dissipa.

Reitero aqui, então, a importância de equilibrar nossas vidas profissionais com nossas vidas pessoais. A empresa pode ser uma parte significativa de nossa jornada, mas não deve ser o nosso único lar. Afinal, existe um mundo lá fora cheio de experiências e relacionamentos verdadeiros que merece nossa atenção e cuidado. Pense bem nisso e até a próxima carta!

Denis Mello

Diretor Presidente
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