Não sou conduzido, conduzo
Caros leitores,
Este mês, desejo compartilhar com vocês uma reflexão sobre uma frase emblemática, profundamente enraizada na história e na essência da cidade de São Paulo: “Não sou conduzido, conduzo”.
Esta expressão, criação do poeta Guilherme de Almeida, com o auxílio de José Wasth Rodrigues, em 1916, não apenas nos conecta ao passado, mas também nos desafia a interpretá-la à luz dos desafios contemporâneos.
Em uma era dominada pela tecnologia e informação, onde os números muitas vezes ditam nossas decisões e estratégias, é vital lembrar que somos os protagonistas de nossas próprias jornadas.
Refletindo sobre essa realidade aqui na consultoria, vejo como a tecnologia desempenha um papel crucial em nosso cotidiano, fornecendo dados e resultados consideráveis. No entanto, é essencial não nos tornarmos reféns dela, utilizando-a, na verdade, como uma ferramenta complementar em nossas análises e decisões estratégicas.
Um exemplo bastante claro dessa dinâmica é a história de minha sobrinha, que assumiu a diretoria de uma empresa renomada de inteligência de mercado.
Localizada no Canadá, a organização em questão empregava mais de 150 funcionários na área de relatórios de inteligência, assim como diversos softwares avançados. Ou seja, uma empresa importante no segmento, com soluções para o mercado americano e canadense.
Apesar dos cálculos, gráficos e métricas de mercado sofisticadas, os relatórios produzidos careciam da inteligência sobre os números e de orientações estratégicas de marketing a partir dos resultados apresentados.
Com o passar do tempo, essa limitação a frustrou, levando-a a pedir demissão e montar sua própria empresa, agora focada no que realmente acreditava.
Diante desse relato, entendo que é importante reconhecer a análise de dados e a inteligência como instrumentos valiosos, porém, eles não devem substituir o pensamento crítico, a intuição e a capacidade de prever tendências futuras.
Como profissionais de um mercado extremamente mutável, devemos cultivar a coragem de pensar além dos números, especialmente no marketing, buscando insights e ideias inovadoras que transcendam o comodismo, impulsionando nossas estratégias para novos patamares de sucesso.
Para mim, por exemplo, é fundamental recorrer à observação e à análise das microtendências que moldam as mudanças de mercado em tempo real. Essa análise minuciosa envolve a identificação de pequenos detalhes relacionados às alterações nos padrões de consumo.
À medida que integro todas essas observações em diferentes categorias, percebo que, quando somadas, elas compõem um panorama completo de potenciais mudanças que estão à nossa porta, ainda não totalmente reconhecidas e quantificadas pelos sistemas de software e BI das empresas.
“Não sou conduzido, conduzo”, então, ressoa com uma nova relevância. Ela nos lembra da importância de permanecermos fiéis à nossa capacidade de liderança intelectual, de não nos deixarmos dominar pela tecnologia ou pelos números, mas sim de guiarmos nosso próprio pensamento e ação.
Concluo, portanto, encorajando todos nós a abraçarmos a complexidade da realidade atual. Vamos buscar o equilíbrio entre a análise de dados e a abstração, entre a tecnologia e a intuição, para assim conduzirmos nossas empresas e vidas em direção a um futuro de realização.
Até a próxima carta!
Denis Mello
Diretor Presidente
FBDE|NEXION Consulting
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