Caro leitor,
Como empresários, devemos entender que aquilo que rege o mercado não é a sorte, mas sim uma conjunção de fatores lógicos e quase sempre previsíveis. E a soma dos atuais fatores, multiplicados pelos índices e divididos pela cota de esforço de cada um, tem quase sempre como resultado uma perspectiva de crescimento.
Por isso, leitor, muitas empresas se posicionam para assumir a liderança quando esses sinais de aquecimento se tornam realidade de mercado. Planejam ações, ajustam estruturas, treinam o pessoal. Assim como um exército que faz todas as manobras à noite para estar pronto para o ataque já nos primeiros minutos do amanhecer.
Mas, apesar de todos esses sinais os quais a experiência já nos ensinou a reconhecer e a prever os efeitos, recentemente conversei com um empresário completamente reticente em relação ao futuro. Acredite, quando digo que o apego dele ao pessimismo era uma blindagem à prova de qualquer argumento ou bom-senso. Ele achava que o futuro seria ainda pior e já havia incorporado a “entidade crise”. A conversa dele era entremeada pela célebre e vazia frase: “Este país não tem mais jeito”.
Você conhece a história do japonês Shoichi Yokoi, leitor? Esse empresário me fez pensar no que ocorreu com este soldado após a 2ª Guerra Mundial: ele passou 26 anos escondido na selva de Guam, se recusando a acreditar que o conflito havia terminado, e o Japão se rendido. Ele resistia no posto, à espera das forças imperiais, sustentado apenas por uma dieta de nozes, amoras, caracóis e, eventualmente, ratos. Ao ser resgatado e realmente constatar a derrota, disse: “Eu me fechei nas minhas verdades. É com grande vergonha que retorno”.
Nesses 26 anos na selva, Soichi perdeu a grande oportunidade de ver seu país ser reconstruído, se tornar um dos grandes vencedores da corrida tecnológica e uma das maiores potências mundiais. Soichi pagou um alto preço por se fechar no seu mundo e não acreditar que a paz já havia chegado.
Conto esta história, leitor, pois – após anos de exílio voluntário – tudo o que o soldado conseguia sentir era vergonha e pena de si mesmo. Esses são os mesmos sentimentos que vêm acometendo alguns empresários e executivos que, há tempos entrincheirados na defensiva, não ouvem mais nada além das próprias queixas, não acreditam mais na vitória e nem sabem como atacar.
Assim, leitor, enquanto esses empresários contaminam negativamente os seus colaboradores e se isolam da realidade, seus concorrentes ganham terreno e fincam a bandeira das conquistas de mercado.
Sinais de mudança já são vistos: é hora de retomarmos o front!
Até a próxima Carta do Mês!
Denis Mello
Diretor Presidente
FBDE|NEXION Consulting