Nos próximos anos, certamente, as discussões globais sobre a preservação da vida do planeta serão crescentemente acirradas. As ações de combate aos impactos causados pela atividade econômica ao meio ambiente serão determinantes para a imagem das empresas e a vinculação da marca às políticas de sustentabilidade.
Acredito que devamos aproveitar este cenário para aprofundarmos esta questão. Muito se fala da importância de as empresas manterem uma postura responsável diante do combate à poluição e ao desmatamento e da preservação dos recursos naturais, mas pouco se debate sobre a “preservação do ser humano”, daquele para quem produzimos: o consumidor.
A discussão não se limita ao fornecimento de produtos “ecologicamente ou politicamente corretos”, na maioria das vezes, “impostos” pelo mercado. Ou seja, não se restringe a apenas um caso de sobrevivência, a uma manifestação reativa à opinião pública ou legislações. Precisamos ir além.
Devemos nos antecipar aos testes e pesquisas, que apenas levam a adaptações de condutas que garantam a aceitação pública e, realmente, assumir nossa responsabilidade com o desenvolvimento integral do ser humano, independente do temor à punição ou exclusão do mercado.
É fundamental assumirmos também o conceito de responsabilidade defendida por Dostoiévski, para quem “todos são responsáveis de tudo, perante todos”.
Acredito que as empresas do século XXI devem, cada vez mais, buscar marcas fortes, humanas, éticas e de credibilidade global, por meio do perfeito engajamento em uma sociedade na qual o ser humano passa a ser visto como um ente a ser cuidado e preservado e não apenas como um número em estatísticas de share ou pontos em gráficos de vendas.
As empresas deste milênio devem acelerar o elo com o consumidor pensando no que dizia John Kennedy: “O laço essencial que nos une é que todos habitamos este pequeno planeta. Todos nos preocupamos com o futuro”. Ou seja, todos somos humanos e devemos nos “preservar” e tomar cuidados mútuos, o que remete a uma mudança de cultura empresarial, na qual o produto razoável é substituído pelo produto ideal.
Utopia? Pode ser, entretanto, toda utopia é uma realidade em potencial. E a melhor contribuição que temos a dar para os próximos anos é sermos melhores naquilo que produzimos, nos serviços que prestamos, vinculando a energia da nossa marca à qualidade de vida, ao nosso bem maior: o ser humano, o real responsável por nossa sobrevivência e perenidade empresarial.
Preservar é ser ético!
Até a próxima carta do mês.
Denis Mello
Diretor-presidente