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Reinvenção é a alma do negócio

Carta do Mês Reinvenção é a alma do negócioO século XX viu uma das transformações culturais e econômicas mais rápidas e surpreendentes da história.

Na década de 40, o Japão ainda era um país agrícola com uma cultura arraigada que se fechava para o mundo e com uma mentalidade fruto do sistema monárquico e da herança feudal. Essa mentalidade foi um dos motivos que levou os japoneses a se aliar à Itália e à Alemanha que, apesar de regimes políticos diferentes, viviam “monarquias” com Hitler e Mussolini.

Estava formado o Eixo e a geografia da 2ª Guerra Mundial. O big bang da transformação econômica, cultural e social do Japão começou com uma explosão. A primeira em Hiroshima, a segunda em Nagasaki e a terceira a bordo de um navio de guerra norte-americano, quando o imperador assinou os termos da rendição incondicional.

Das cinzas das cidades bombardeadas, renasceu um Japão que se abriu para o mundo e trocou a vocação agrícola pela vocação tecnológica e inventiva. Transformou uma crise traumática em uma oportunidade de mudanças estruturais e se reinventou. De um modelo econômico, que ainda estava no século XVII, tornou-se o grande exportador de tecnologia e conhecimento do pós-guerra. Já na década de 70, o Japão havia se tornado maior do que os sonhos dos antepassados feudais e é hoje uma das maiores potências mundiais.

No final, o Japão venceu. O nosso mundo tem vivido, de tempos em tempos, crises. Por isso, cada empresa e cada segmento devem mudar a mentalidade e se reinventar. Muitos segmentos já fizeram isso com sucesso.

A moda brasileira, por exemplo, se reinventou e, como o Japão, conquistou o mundo. Antes era voltada para o mercado interno e refletia essencialmente a mentalidade e as aspirações dos brasileiros. Por causa dessa visão narcisista e “tropical”, era vista lá fora como exótica e pitoresca, ou seja, um produto para se olhar, mas não para se comprar e usar.

A partir da década de 90, os estilistas criaram um conceito de moda cosmopolita, para que caísse bem em qualquer situação e lugar, do Rio de janeiro à Bangkok e, principalmente, nas passarelas de Paris, a grande vitrina mundial.

Ao reinventarem a moda brasileira, conquistaram o mundo. Hoje, não exportamos só a moda. Ditamos o padrão de beleza e a atitude em relação à moda. Na lista das principais top models do mundo, as brasileiras são presença dominante. Uma referência tão forte a ponto de muitas modelos europeias, em início de carreira, tentarem se passar por brasileiras para conquistar espaço. Na minha visão, o que as empresas precisam para recuperar o crescimento e decolar rumo ao amanhã imediato é reinventar o seu próprio negócio.

Para isso, comece reinventando a si mesmo. Desça da armadilha do poder; tire os diretores das reuniões intermináveis e ideias cansadas; trabalhe com as portas abertas; desestimule as crônicas e convincentes justificativas, quase sempre ilustradas em coloridos, trabalhosos e dispensáveis gráficos; e pule junto com eles os muros da empresa em direção ao mercado.

Vá conhecer e cumprimentar pessoalmente os clientes. Sua visita será um acontecimento que vai marcar muito mais do que alguns descontos na próxima fatura. Envolva-se com a comunidade. A visibilidade social é, muitas vezes, mais impactante do que a publicidade comercial. Faça o filho de um colaborador sentir orgulho do pai e da mãe porque trabalham na sua empresa. Não dê emprego para o seu funcionário, dê uma causa.

Lembre-se de que toda revolução começa de dentro para fora.

Reinvente-se e abra suas portas para o tamanho de mundo que você aspira para a sua empresa.

Pense nisso e até a próxima carta do próximo mês.

Denis Mello

Diretor-presidente