O Religar da nossa energia

O Religar da nossa energia.

Caro leitor,

Segunda-feira, 8h30. Todos estão sentados em frente aos computadores. O dia começa silencioso, como sempre. Cada um na sua estação de trabalho. De repente, surpresa: todas as máquinas se apagam.

O escritório fica sem energia elétrica e toda a equipe sem ação. Aos poucos, as pessoas começam a se levantar e rodar pelo escritório – algumas no café, outras nos corredores. Afinal, sem computadores não há trabalho.

Diante da cena descrita, proponho uma reflexão. Até que ponto aproveitamos os benefícios inegáveis da tecnologia sem nos tornarmos reféns de teclados, monitores e softwares? Será que eu e você não estamos transferindo às nossas ferramentas o impossível – ou seja, o ato de pensar, refletir e criar estratégias?

Até que ponto delegamos ao computador o arbítrio das decisões e o parecer do certo e do errado? Há profissionais que acabam se transformando em satélites da tecnologia. Todos os recursos revolucionários desenvolvidos nas últimas décadas vieram para facilitar e aprimorar o trabalho humano, muitas vezes subutilizado ou excessivamente usado. Para algumas empresas, a tecnologia veio para reforçar o controle, deixando em segundo plano os demais fundamentos da gestão, ou seja, organizar, planejar e executar.

Essa tendência fica mais evidente na área comercial, onde cada vez se torna mais comum o controle pelo controle. Exemplo: é possível saber exatamente onde um representante ou vendedor está às 10h30 de uma terça-feira, mas não o que está sendo feito. Portanto, a empresa tem o conhecimento do local onde o trabalho está acontecendo, mas não de como está sendo feito.

A “síndrome do controle” privilegia a cultura da quantidade, da exatidão e da estatística e despreza a qualidade do contato humano entre quem vende e quem compra, a ciência da argumentação e a construção da marca nas relações de negócios.

O certo é que a inteligência binária da máquina jamais substituirá a sensibilidade, o pensamento e o argumento humanos. São elementos de origem artesanal, que nos levam ao principal diferencial de mercado: a estratégia. É ela que nos faz trilhar caminhos distintos e impede que andemos pelo caminho já traçado e “que apenas nos conduz até onde outros já foram”, como ensina Alexander Graham Bell.

A adoção de uma política que enfatiza a estratégia exige que a empresa ultrapasse os próprios muros e softwares e realmente “sinta” o mercado. Nessa política, é importante um quadro de gerentes estrategistas, que saibam pensar o negócio e utilizem os imprescindíveis recursos tecnológicos para executar os planos e controlá-los.

É preciso que a força de vendas esteja em sintonia permanente neste processo de construção da marca em cada cliente. É necessário, também, que toda a diretoria “pense mercado” e engaje-se no esforço de buscar receita além dos domínios da empresa.

A energia elétrica volta. Todos começam a retornar às bases.

Proponho ao leitor mais uma reflexão antes de apertar a primeira tecla. Quantas e quais estratégias estão sendo discutidas ou aplicadas neste momento em sua empresa? Qual o valor reservado aos pensamentos e às ideias na sua área?

Enfim, qual o valor da máquina e o valor da reflexão estratégica na rotina da sua organização?

Até a nossa próxima carta do mês!

Abraço,