O conhecimento que precisamos
Caro leitor,
De volta ao Brasil, depois de quatro anos morando em Seul, um casal de amigos me proporcionou um dos momentos mais interessantes de lazer e conhecimento. O encontro, além da satisfação em revê-los, provocou questionamentos sobre a valorização ou desvalorização, reservada à prática do saber.
Meus amigos me relataram como os sul-coreanos se relacionam com a aquisição do conhecimento e quais os resultados dessa busca para o desenvolvimento acelerado de um país considerado primitivo há apenas 50 anos. Além disso, de como a devoção de um povo por seus
valores e história é capaz de transformar um país arrasado por guerras e décadas de estagnação na quarta maior economia da Ásia e na 13° do mundo, em curto espaço de tempo.
Para nós, brasileiros, é difícil imaginar jovens, em momentos de lazer, fazendo de restaurantes, bares e cafés pontos de encontro para refletir, discutir, trocar experiências e ideias sobre temas estudados nas universidades. Mas é assim em Seul.
O conhecimento para a juventude sul-coreana não tem pausa, hora e nem lugar. É uma necessidade quase fisiológica, como respirar. O aprender é visto como conquista, vitória. É o exercício do conceito de Francis Bacon, para quem “o conhecimento é em si mesmo um poder”.
Em nossa sociedade, o aprendizado geralmente está relacionado ao esforço ou sacrifício: “me matei para aprender”. As justificativas terceirizam a responsabilidade: “falta dinheiro e política pública para a educação”. O conhecimento é tratado de forma utilitária, limitando-se à preparação para o trabalho e à geração de renda: “novos cursos de especialização abrem portas para promoções”.
Sobretudo na Era da Informação, é preciso evitar o superficialismo que nos oferece “uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada”, como dizia Charles Dickens.
Acredito que devemos aprender com os grandes pensadores que definem o conhecimento não como a retenção de informações, mas sim como a utilização destas para desvendar o novo. O que nos faz avançar, porque, quanto mais competente for o entendimento do mundo, mais satisfatória será a ação dos indivíduos que o detém.
Precisamos transformar nosso tempo e espaço em “Tesouros dos Remédios da Alma”, tais quais eram chamadas as bibliotecas no Egito. Por meio da mobilização e do inconformismo, devemos criar núcleos de incentivo de busca pelo saber. Praticar o conhecimento como prazer e consciência de sua capacidade de levar a sociedade ao culto de valores éticos, à responsabilidade, à valorização do próximo e, enfim, ao refinamento da personalidade.
Até a próxima carta do mês !
Denis Mello
Diretor Presidente
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