Caro leitor,
O Cardeal Richelieu foi um dos homens mais importantes da história da humanidade.
Ministro Todo-Poderoso do Rei Luís XIII, é considerado um dos fundadores da diplomacia moderna e foi, efetivamente, o criador do Absolutismo Real, sistema em que o poder do Rei vem diretamente de Deus. Por isso mesmo, incontestável.
Mas as opiniões e o bom senso vêm do Conselheiro que, no caso, era Richelieu.
Em nome dos “Interesses do Estado”, Richelieu foi o verdadeiro governante da França. Nas mãos dele, Luís XIII foi manipulado e, sem perceber, agia, falava e gesticulava de acordo com as vontades do Cardeal.
A figura de Richelieu foi tão marcante que se tornou um arquétipo. O vilão de vestes vermelhas, fala mansa e interesses escusos. A personificação do mal na sua forma mais sedutora.
Sabemos que os arquétipos e as figuras míticas são alegorias de traços de personalidades reais. E a figura do cardeal está presente em muitas empresas de hoje — é a Eminência que age na sombra e tem a seu favor a grande capacidade de arrebanhar ovelhas.
Não é uma figura de confrontos, mas um “conciliador”.
As opiniões dele são emitidas em tom suave, em reuniões a portas fechadas ou em encontros furtivos no cafezinho. É um articulador nato, sempre ouvido pelas pessoas certas. Está sempre sentado ao lado direito do poder.
O cardeal tem o tempo e a experiência a seu favor, consegue antecipar movimentos. Por isso, é uma figura respeitada e um conselheiro procurado por muitos. É um homem de muitas verdades, cada uma delas adaptada aos interesses do ouvinte.
Parece agir em nome dos “Interesses do Negócio”, quando, na verdade, está agindo em nome dos próprios interesses.
Acredita que a empresa não sobrevive sem ele e trabalha para que isso se transforme em realidade. Ele não quer cargos, quer poder. E a grande arma é o tráfico de influência.
A ação do cardeal é comparável à ação dos concorrentes predadores, apenas com uma diferença: os concorrentes estão do lado de fora e o cardeal, do lado de dentro.
As ações dele levam a empresa a retardar projetos, estagnar crescimento e conviver com focos de conflitos mal resolvidos. A organização perde agilidade para mudanças porque desvia a atenção na permanente tentativa de resolver questões internas.
E, enquanto isso, inevitavelmente perde mercado.
Se você percebe que não consegue implantar processos ou realizar mudanças em seu negócio e não identifica claramente os motivos, verifique se existe um cardeal na sua empresa. Ou pior, vários. Não permita que a liturgia deles interfira nos interesses maiores da organização.
Faça como o Rei David, saia do castelo e ande no meio do povo para saber o que eles pensam e quais são as reais necessidades deles. Vá ao encontro do mercado e converse pessoalmente com os clientes, sinta você mesmo o pulso do negócio.
Lembre-se de que Deus está acima de todos os cardeais!
Até a próxima Carta do Mês!
Denis Mello
Diretor Presidente
FBDE|NEXION Consulting
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