É bastante comum encontrarmos os “cinquentões” e “sessentões” nos bancos das universidades, nas academias de ginástica, entre os novos empreendedores e no mundo artístico. Mas, entre os executivos brasileiros… Será que nossas empresas estão em sintonia com esses novos tempos ou continuam mandando pessoas capazes e ativas para a cadeira de balanço, mesmo com a atual expectativa média de vida de o brasileiro girar em torno de 76 anos, contra 34, em 1910?
Em parte, esse questionamento pode ser respondido ao analisarmos o processo de sucessão em algumas companhias, onde se aposenta compulsoriamente o presidente sexagenário e se coloca o executivo com até menos da metade da idade na cadeira do antecessor. Nada contra os jovens, muito pelo contrário. Como definiu um amigo, eles “oxigenam” os negócios.
Mas também não posso deixar de concordar com Pablo Picasso, para quem “leva-se muito tempo para ser jovem”. Ou seja, é preciso experiência para rejuvenescer com serenidade e eficiência. Vide casos de empresas rentáveis e líderes de mercado que caíram no ostracismo após uma apressada renovação. Muitas empresas andam na contramão da história do comportamento humano quando o assunto é idade. Mas quem determina o índice de longevidade no mundo corporativo? Proponho uma reflexão sobre esse tema e sobre o contrassenso de empresas que formam um profissional, da mesma forma que o endeusa, o ejeta, o envia para o limbo pelo simples fato de ser considerado “velho”.
Esta postura é contraditória aos princípios empresariais, que valorizam a saúde e a qualidade de vida, quesitos profissionais tão apregoados pelos departamentos de recursos humanos. A causa da vida saudável – da disposição para o trabalho, para a vida – foi abraçada pela maioria dos homens e mulheres que envelhecem melhor hoje. O que faz com que o cinquentão seja agora mais parecido com um quarentão. Ou seja, ensinamos essas pessoas a chegarem lá e agora as rejeitamos, porque no universo empresarial o 40 não é o novo 30 e, muito menos, o 60 é o novo 50.
Portanto, em casos de contratações e sucessões, vale deixar a idade cronológica de lado. É melhor verificar se o executivo tem o dom da lagarta – enquanto parece que o mundo acabou, vira borboleta -, se a curiosidade move a vida dele, enfim, se está disposto a se reciclar continuamente e a mudar o que o cerca. Acredito que assim teremos maiores chances de acertos.
Até a próxima Carta do Mês!
Denis Mello
Diretor-presidente