Proponho refletirmos sobre os gestores e profissionais que contribuíram para chegarmos aonde chegamos e assim observarmos a busca ilimitada por desafios e a competência em superá-los.
Trata-se de um fenômeno que vem ganhando corpo em empresas de diferentes portes devido à idealização de cenários externos e internos. Uma tendência que resulta no estabelecimento de desafios muitas vezes sem possibilidades reais de concretização por todos os profissionais, de maneira padronizada.
Ao adotar tal postura, as empresas correm o risco de cair na armadilha da prática do idealismo, que, segundo o escritor alemão Kurt Götz, é “a capacidade de enxergar situações e pessoas como poderiam ser, se elas não fossem como realmente são”, o que pode, ao contrário de motivar, gerar frustrações e desqualificar propostas de futuras metas.
Acredito que todo cuidado é pouco para evitar o “idealismo intolerante”, definido por Churchill como “a loucura mais cara”. Neste caso, a intolerância vem do fato de avaliar e comparar resultados de maneira arbitrária, com base na superação de desafios cujas formulações não levaram em conta as diferentes competências dos profissionais. Uma “loucura” que traz como efeito a anulação da proatividade e da criatividade gerada pela sensação de impotência.
O estabelecimento de metas a uma determinada área ou equipe deve estar balizado em informações analíticas de mercado e também no conhecimento de aptidões individuais que, quando bem utilizadas, são responsáveis pelo sucesso do grupo.
Portanto, sem habilidade para delegar desafios, certamente, estaremos criando condições para a perda de muitos talentos pelo caminho. O método linear de instituição de desafios traz como consequência o desânimo, muitas vezes ocultado pela euforia do dever cumprido daqueles que “chegaram lá”.
Depois de tentar ultrapassar o limite das possibilidades, a recompensa do “perdedor” é a penalização: resta-lhe abdicar ao cargo ou recolher-se na acomodação. As reais potencialidades e competências são anuladas, trazendo prejuízo a todo o grupo.
Assim, proponho que, em nossos balanços anuais e nos planejamentos para o próximo ano, nos lembremos de que cada desafio tem um grau de dificuldade para ser superado, o que, sem dúvida, varia de profissional para profissional.
Pense nisso e até a próxima carta do mês!
Denis Mello
Diretor-presidente